“O saldo da matança da PM, somente até 1975, já é maior, portanto, que o número de mortos e desaparecidos políticos durante todo o período de 21 anos de ditadura militar.” (BARCELLOS, 2010, p. 89)
“Rota 66 – A História da Polícia que Mata” é um livro-reportagem produzido pelo jornalista Caco Barcellos. Após uma rigorosa investigação sobre o trabalho da Polícia Militar de São Paulo entre as décadas de 1970 e 1990, Barcellos descobre, diante da atuação truculenta e irregular da Ronda Ostensiva Tobias de Aguiar (Rota), que existia um “esquadrão da morte” responsável pela morte de milhares de pessoas, sendo a maioria delas inocente.
O que ele achou: Uma discussão sem fim. Quem apoia o trabalho da Rota mudaria de opinião caso lesse o livro? Continuaria apoiando ainda mais? Quem não gosta teria mais motivos para não gostar? E há ainda quem questiona a forma como o livro foi escrito.
Fiquei um pouco assustado com as histórias, e acredito que aprendemos bastante com esse tipo de livro. Prende bastante a atenção, não apenas por ser muito bem escrito, mas também por criar uma curiosidade em saber até onde vai a criatividade dos envolvidos em fazer coisas erradas. Revoltante.
O que ela achou: Extremamente rico em detalhes, o livro-reportagem de Caco Barcellos é leitura obrigatória para jornalistas e estudantes de jornalismo – mas não deixa de ser uma leitura importante para toda a população.
Mostra a importância do jornalismo investigativo; a coragem que Barcellos teve em se infiltrar na polícia, sem que percebessem o real motivo; os intensos trabalhos de campo que não eram dos mais agradáveis: delegacias, necrotérios, vielas escuras, funerais de vítimas inocentes; a apuração densa e séria que o levou a criar um banco de dados de vítimas da polícia.
Mesmo sabendo que seria ameaçado de morte, Caco Barcellos denunciou algo que era de interesse público: a atuação truculenta e criminosa de uma parte da Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota); o “esquadrão da morte”. Ele desmistificou o papel heroico associado à polícia, o qual era amplamente divulgado pelos próprios colegas de profissão na mídia. Para quem não conhece o jornalista, ao ler o livro, num capítulo em especial, irá entender o porquê ele teve intimidade com esse assunto.
Não tem como ler e não ficar indignado com a impunidade e a injustiça do nosso País. O que conforta é pensar que alguém como Caco Barcellos deu voz às minorias, embora ainda apareçam na mídia casos semelhantes aos do livro nos dias de hoje.
Rota 66 – A História da Polícia que Mata
Autor: Caco Barcellos
Editora: Record
Páginas: 352
ISBN: 8501065269