O autor deste livro é o jornalista investigativo Antonio Salas (pseudônimo) que resolveu investigar a atuação do grupo neonazista espanhol Ultrassur, e passou um ano vivendo como um skinhead.
O que ele achou: Comprei esse livro após uma indicação do João Gordo, em seu programa da MTV – na época em que ainda era boa. Esse é o tipo de história que não precisaria existir. Recorro ao clichê: esporte e violência são coisas que não combinam.
Em um ato de coragem e sangue frio, o autor vai a fundo, por vezes insanamente, para desmascarar como funciona a organização da violência no futebol espanhol. Violência que conta com: torcidas organizadas; facções neonazistas e antifascistas; jogadores famosos; e até dirigente de times, no caso o Real Madri.
Infiltrado, caracterizado e com câmeras escondidas, algumas vezes cheguei a até prender o ar de tensão. O livro mostra desde troca de e-mails, encontros em bares e até brigas em torno dos estádios. O autor deixa claro: o racismo existe SIM e é articulado; a intolerância é grande; a violência na cabeça da maioria é inútil, mas é a vida de uma minoria que por vezes oprime a maioria.
Um projeto ousado que foi capaz de salvar vidas.
*Sabemos que a cultura skinhead tem origem jamaicana e skinhead não é nazista. Existe uma boa confusão sobre o assunto que o melhor que temos a fazer é estudar.
O que ela achou: Adoro jornalismo investigativo e livros-reportagem, mas confesso que foi uma luta ler esse livro. Tive que recomeçar umas duas ou três vezes, devolvi para o Felipe depois de quase 1 ano de empréstimo. Não sei se o problema foi a tradução do livro ou a grande diversidade de grupos e nomenclaturas skinheads nos primeiros capítulos.
Antonio Salas, pseudônimo de um jornalista espanhol, tem minha admiração pela coragem de se infiltrar num grupo skinhead em prol da verdade e do jornalismo invetigativo. Ele percebeu que a maioria das reportagens e matérias que saiam na grande mídia era com a ótica das vítimas que sofriam o preconceito do grupo, seja por meio de palavras de ódio e/ou espancamento. Antonio Salas decidiu conhecer a fundo um grupo tão fechado e violento, no entanto, o único jeito era fingir ser um deles.
A tensão do livro se dá por conta do risco iminente que Salas corria diversas vezes de ser descoberto. E o fim de casos assim nós já sabemos, né? Sales mesmo enxergava o perigo que que corria e até citou o caso Tim Lopes, um jornalista brasileiro que fazia uma reportagem investigativa sobre bailes funk financiados pelo tráfico no Complexo do Alemão. Quando traficantes descobriram a sua origem, Tim Lopes foi torturado e morto na favela da Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro.
O livro é bem legal para entender a diferença dos grupos skinheads, punks e tal. Porém a minha conclusão é a mesma do autor: qualquer caso de extremismo é ruim, muito ruim.
Diário de um Skinhead – Um infiltrado no movimento neonazista
Autor: Antonio Salas
Editora: Planeta do Brasil
Páginas: 276
ISBN : 85-7665-201-3