Um domingo diferente daqueles que estamos acostumados. Levantamos bem cedo com um propósito: passar a manhã com uma galera incrível que ajuda pessoas em situação de rua e seus pets. E é por conta do projeto Moradores de Rua e Seus Cães (MRSC) que decidimos fazer a nossa segunda entrevista da categoria “Gente que Inspira”.
Comandado e criado há dois anos pelo fotógrafo Edu Leporo, a ideia veio da necessidade e da curiosidade como fotógrafo de pets. “Fotografava no estúdio cães fofinhos de banho tomado e cheios de amor de suas mamães, mas via nas ruas uma outra realidade, porém com o mesmo amor!”, revela Edu.
Desde então, o fotógrafo com o projeto coleciona histórias que marcam. “Desde o morador de rua que chega e pede só coisas para o cachorro! E aquele que um dia, ao receber um kit de higiene pessoal comentou: ‘Escova e creme dente! Poxa, faz 10 anos que não escovo os dentes’”, conta.
Participamos da 9ª edição do projeto que rolou de forma itinerante, assim como era no início do projeto. Isso porque o MRSC ainda não ganhou apoio público para fixar sua ação em praças ou pontos fixos na cidade, perdendo a oportunidade de levar o Pet Móvel Simpaticão e o Banho de Amor, para que moradores e seus cãezinhos tenham a chance de tomar um banho quentinho. Para isso, é preciso de um local com uma estrutura mínima com tendas, energia elétrica e água.
Fomos em uma van alugada com dinheiro de doações. E na nossa primeira parada, conhecemos a simpática vira-lata Lassie, que ao ganhar uma nova almofadinha, não se conteve de alegria. Ainda que seu dono, o Carlos, nos avisou: “Não vai durar 5 minutos”. Realmente, em questão de minutos ela já havia destroçado a almofadinha tamanho a felicidade que tinha dentro de si. Fomos também surpreendidos com a notícia de que era a última semana de Carlos na rua. Ao arranjar um trabalho na Câmara Municipal de São Paulo, ele conseguirá alugar um espaço na periferia para ele e sua fiel companheira. <3
Essa foi apenas uma das histórias que tivemos a oportunidade de ver de perto. Por vezes era difícil conter a vontade de chorar, para quem participa pela primeira vez de projetos como esse, ver de perto as condições em que essas pessoas vivem e que, ainda assim, arranjam alguma forma de deixar seus cachorros limpos e bem-cuidados é de cortar o coração.
E para saber mais sobre o projeto, confira nossa entrevista exclusiva com Edu Leporo:
ExperimenteSP – Desde o início do projeto, você constatou alguma mudança nas ruas? Aumentou ou diminuiu os moradores de rua? O existencialismo de pessoas como você acompanha essas mudanças?
Edu Leporo: Percebo que aumenta a cada dia. Mas também aumenta a preocupação das pessoas em ajudar. Isso constato diariamente nos feedbacks das nossas redes sociais, e no aumento de doações!
Qual é a importância das redes sociais e a internet para o projeto?
E.L.: Superimportante! Não saberíamos viver sem ela. (risos) Foi a partir de um simples post há 5 anos, sobre um morador de rua que levava os cães para tomar sorvetes no Mc’Donald’s que tudo começou! Foi com essa primeira história que senti o interesse das pessoas em conhecer mais, e se doar mais! Hoje quando apresento meu projeto para uma empresa, buscando patrocínio, eles indagam qual é meu número de seguidores no Instagram! As redes sociais são, sem dúvida, nossa maior aliada!
Quais são os próximos passos do projeto? Já tem data para a próxima ação?
E.L.: Os passos continham. Busca de apoio e patrocínio para viabilizar as ações nas ruas! Levar para todo o Brasil e exterior nossa exposição fotográfica, palestra e livro. Para aproximar, ainda mais, as pessoas dessas histórias tão cheias de amor, respeito e companheirismo. E, assim, abrir olhos, corações e mentes.Nossa próxima exposição será no mês de maio, no Adamastor na cidade de Guarulhos. Recebemos o convite de uma galeria em Madrid para expor no segundo semestre. Mas só com apoio e patrocínios essa façanha se realizar.
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A última edição teve o apoio da Kombosa Solidária que preparou o café da manhã delicioso; Mini Gentilezas com seus kits de higiene e peças íntimas; coleiras e guias da Zee Dog; Baw Waw que doou rações para os pets; coleiras carrapaticida Kiltix da Bayer; e a Rita, mãe do Fê, que doou petiscos e bolinhas; além dos veterinários presentes que aplicaram vacinas nos cachorros e da presença do Clube da Mancha, que catalogou os pets que ainda não foram castrados.
Você pode ajudar comprando o livro do projeto aqui ou com doações para os moradores de rua, como kits de higiene, roupas. E para os cachorrinhos guias, coleiras, roupinhas, brinquedos. Ou mesmo divulgando o projeto para seus amigos!